Ceará Sporting Club

Nascimento do Ceará Sporting Club

O Ceará Sporting Club surgiu no dia 2 de junho de 1914. Os jovens Luís Esteves Júnior e Pedro Freire tiveram a idéia de fundar um clube durante um encontro à tarde no Café Art Noveau, que funcionava na Praça do Ferreira. No local, resolveram convidar mais alguns amigos para se deslocarem, à noite, até a residência de Luís Esteves, localizada à Rua Tristão Gonçalves, 6.
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A empolgação tomou conta de todos e logo foi providenciada a ata de fundação do Rio Branco Foot-ball Club. Participaram do histórico encontro 24 pessoas que, por unanimidade, escolheram Gilberto Gurgel como presidente. Além dos três fundadores já citados, tomaram parte do evento Newton Rola, Walter Barroso, Bolívar Purcel, Aluísio Mamede, Orlando Olsen, Raimundo Padilha, Ninito Justa, Meton de Alencar Pinto, Gotardo Moraes, Arthur de Albuquerque, Cincinato Costa, Carlos Calmon, Eurico Medeiros, José Elias e Rolando Emílio.

De pronto, o grupo juntou dois mil e duzentos réis para ajudar na aquisição do primeiro material, composto de camisas lilases e calções brancos. No ano de seu surgimento, o Rio Branco disputou um campeonato que foi organizado pelos próprios clubes. Na partida final, realizada em 22 de outubro, o Rio Branco conquistou o título, vencendo o Rio Negro por 1x0, gol assinalado por Olsen. Naquele dia, os campeões formaram da seguinte maneira: Aldo, Garcia e Speedy; Célio, Carlito e Gotardo; Abreu, Pinto, Meton, Olsen e Ninito.

Exatamente um ano depois da sua fundação, uma assembléia geral se reúne com dois objetivos: escolher um novo nome para a equipe e eleger a nova diretoria. Por unanimidade, a agremiação passou a se chamar Ceará Sporting Club. Sua indumentária também mudou para calções brancos e camisas brancas com listas verticais pretas. No dia 10 de junho de 1915, o jornal Diário do Estado, do Partido Conservador Cearense, trazia na edição de número 150, na página dois, a novidade.
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NOVA DIRETORIA - Eis a íntegra da notícia, observando-se a grafia utilizada à época: ´Hontem, às 19 horas, effectuou-se a posse da nova diretoria do Ceará Sporting Club (antigo Rio Branco), a qual havia sido eleita para reger os destinos desta futurosa sociedade na presente temporada sportiva. Depois da cerimônia de posse, foram distribuídas várias bandejas de bebidas finas entre as pessoas presentes, ouvindo-se então vários e amistosos brindes entre as comissões dos clubes que se fizeram representar. A nova directoria do Ceará ficou assim organizada: presidente: Nelson Gurgel do Amaral; vice, Meton Pinto; thesoureiro, Artur Braun; secretário, R.H. Justa; directores: Gothardo Moraes, Célio Moraes, R. S. Garcia, José Elias Romcy e Carlos de Alencar Pinto. A nova directoria continuou o dificílimo e espinhoso cargo de treiner (treinador) e capitain geral ao conhecido e competente footballer José Braga Abreu´.

O mesmo jornal já houvera publicado dez dias antes a reunião que seria responsável pelo nascimento da primeira entidade gestora do futebol cearense: ´Reunir-se-à domingo, 30 do corrente, a primeira sessão preparatória para a instalação da Liga Metropolitana Cearense de Foot-Ball, a qual será presidida interinamente pelo distincto footballman Alcides Santos". Até bem pouco tempo, dizia-se que a Liga jamais existira. No entanto, documentos históricos comprovam o contrário. Vale salientar que a entidade funcionou até 1920 sem jamais ganhar personalidade jurídica. Ela seria substituída pela Associação Desportiva Cearense (ADC) em 1920. A exemplo da sua antecessora, a ADC também não existia de direito, pelo menos até 1936 quando, enfim, teve seus estatutos publicados exatamente no dia 29 de janeiro daquele ano.

Na primeira década, um pentacampeonato
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Até hoje, a maior façanha do Ceará foi a conquista do pentacampeonato de 1915 a 1919, sob a égide da Liga Cearense Metropolitana de Futebol (LCMF), a primeira entidade gestora do desporto local. Ao lado do Stela, Rio Negro e Maranguape e sob a chancela da Liga Cearense Metropolitana de Futebol, o Ceará disputa o primeiro certame em solo cearense.

A final ocorreu em 07/11 de 1915. O Diário do Estado trouxe a seguinte manchete acerca da esperada decisão: "O Stela Foot-ball Clube o Ceará Sporting Club disputam amanhã o título de campeão do Ceará no campo do Bemfica".

ENCERRAMENTO - Eis, em parte, a matéria: "Terá logar amanhã no campo do Bemfica, propriedade do Stella Foot-Ball Club o último match de foot-ball que encerrará a temporada do presente anno, no qual lidarão as poderosas equipes do Ceará Sporting Club e Stella Foot-Ball Club, devendo o jogo ser de uma animação sem igual, visto os dois contendores disputarem um custoso objecto de arte, que será offerecido pelo vencido ao vencedor".
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"A Victória difficil será de disputar, pois ambos os teams se acham ultimamente constituídos, adiantando contudo que o Ceará Sporting tem uma magnífica linha de ataque que será bem dominada pela defeza do Stella F.C . Os teams estão assim formados: Stella: Gilberto; Oscar Cabral, Oscar Loureiro, Carlos Alberto, João Gentil (capitão), Clovis Hollanda; Riquet, Clodoveu, J. Bruno, Walter Barroso, Walter e Olsen. Ceará: Aldo; Meton, Garcia, Ninito, Silveira, Rola; Abreu, Pacatuba, Humberto (capitão), Gotardo e Guilherme".

ASSISTÊNCIA - Na edição de 09/11 de 1915, o Diário do Estado relata a vitória do Alvinegro assim: ´Effectuou-se domingo último no fiald do bairro do Bemfica o anuciado jogo de foot-ball entre as poderosas equipes do Stella Foot ball Club e Ceará Sporting Club. A numerosa assistência que enchia as archibancadas do Stella teve incontestavelmente a magnífica oportunidade de assistir ao lindo jogo desses fortes elevens, cheio de phases e lances lindos".
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"Terminou esse interessante match com o resultado favorável ao Ceará, que conseguiu marcar mais um goal do que o seu adversário. O primeiro foi shutado por Humberto Ribeiro, capitão do Maranguape Foot-ball club, e o segundo, resultado de um oportuno passe do forward Guilherme Augusto, phayer do Rio Negro, foi marcado por Pacatuba, também do Maranguape. O único goal do Stella foi shoot de Pedro Riquet, um dos magníficos forwards do poderoso e sympathisado Stella. Actuou como referee o senhor Lucio Bauerfeldt, que foi imparcial nas suas deliberações´.

PERMITIA - Como se pode notar, na época, o regulamento permitia que os times que fossem eliminados e emprestassem seus jogadores aos classificados para as fases subseqüentes, fato que se prolongou até meados da década de 30. Em 1916, o Vozão novamente conquista o título. Desta feita, vence na final, realizada no dia 06/08 de 1916, o Maranguape por 2x0, gols de Walter Barroso.

Os campeões formaram com Cearense; Gotardo e Meton; Padilha, Ninito e Silveira; Walter Barroso, Rola, Bolívar, Orlando e Mamede. Em 1917, no dia 8 de dezembro, o Vovô volta ao Prado, local dos certames anteriores, para enfrentar o Stella na final do campeonato. Pelo placar mínimo, o Ceará derrota seu adversário e conquista o tricampeonato. A equipe jogou com Aldo: Garcia e Gotardo; Célio, Carlito e Braga; Walter Barroso, Meton, Olsen, Mamede e Braun.
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SUCEDEU - Em 1918, a história volta a se repetir. O time de Luís Esteves e Pedro Freire faz a final contra Fortaleza. Pela quarta vez consecutiva, prevalece a supremacia do Alvinegro, que dobra o adversário na final por 2x0, gols de Walter Barroso e Enoch.

Na emocionante partida, realizada no dia 17 de dezembro de 1918, o Vovô foi a campo com Aldo; Garcia e Gracho; Célio, Carlito e Ninito; Walter Barroso, Meton, Mamede, A.Braun e Enoch. Em 1919. Todas as demais equipes têm um único objetivo: quebrar a hegemonia do Mais Querido e evitar a conquista do pentacampeonato. E o Fortaleza quase consegue.

PENTA - A equipe fundada por Alcides Santos ganha o 1ºturno. Assim, na decisão do returno, precisaria apenas do empate para ser campeã. Ao Ceará, só a vitória interessava, pois lhe daria o penta, haja vista que, no critério de desempate -que levava em consideração os pontos conquistados em toda a competição - ficaria à frente do rival.
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E o triunfo veio no dia 30 de novembro daquele ano, por 2x1, numa virada espetacular, ocorrida nos minutos finais do jogo. Walter Barroso fez os dois gols da histórica conquista. Humberto Ribeiro descontou para o Fortaleza. Os pentacampeões jogaram com Aldo; Garcia e Gotardo; Célio, Moraes, Braga e Aloísio; Walter Barroso, Mamede, A. Braun, Enoch e Cearense.

Dois tetras marcaram a história recente

O Ceará voltaria a colocar a mão na taça no ano de 1922, quando se comemorava o centenário da Independência do Brasil. Além desse fato em si, a conquista foi importante pois serviu para evitar que o seu rival conquistasse o tricampeonato. O Alvinegro importou diversos atletas do Pará. Dois deles se destacaram: Pau Amarelo e Vitório. Na partida final, acontecida em 18/10 daquele ano, o Vovô goleou o Fortaleza por 4x1, gols de Pau Amarelo (2), Abreu e Deca. Clodomir descontou para o rival. O time campeão formou com Aldo; Gotardo e Meton; Saracura, Vitório e Cantuária; Walter Barroso, Abreu, Deca, Pau Amarelo e Braun.
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Em 1939, o clube enfrenta o seu maior jejum sem títulos: seis anos. O campeonato desse ano só se encerraria em fevereiro de 1940, exatamente no dia 11 de fevereiro, com a goleada do me de Porangabuçu sobre o Tramways por 6x2, tentos de Aníbal (2), Farnum (2) e Biinha (2). César e Zé Walter descontaram para o adversário.

Nos início dos anos 60, a conquista do tricampeonato. O esquadrão preto e branco tinha nomes inesquecíveis, que levaram o clube à vitória seguidamente em 1961/62/63: George, William, Alexandre, Benício, Mauro Calixto, Ivan Carioca, Gildo, Charuto, Carlito, Carneiro e Aloísio Linhares, dentre outros.
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Depois, viria um novo período sem ganhar títulos. Foram sete anos sem dar a volta olímpica no velho Estádio Presidente Vargas. A demora, todavia, seria compensada com a célebre final em 1971, ocorrida em três de agosto. Em campo novamente os dois maiores rivais do futebol local.

O Fortaleza vencia a partida por 2x1, dois tentos de Mimi. Carlindo havia assinalado para o Vovô. A torcida do Fortaleza já fazia a festa quando, nos minutos finais, foi marcada uma falta na entrada da área. O atacante Vitor colocou com rara felicidade a bola no fundo da meta do Tricolor e acabou com o jejum. Inconformada, a torcida do Fortaleza derrubou o alambrado do PV e o árbitro Armando Camarinha sequer reiniciou a partida.
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Acabava o sofrimento da galera alvinegra, que deixou o PV numa alegria só repetida sete anos depois, quando, comandado por um histórico tricolor, o técnico Moésio Gomes, comemoraria no Castelão o seu primeiro tetracampeonato. As circunstâncias foram parecidas.

Depois do tri, em 1975/76/77, o Vozão parte para o tetra. As coisas, contudo, não acontecem como os alvinegros imaginavam. O time perdeu o turno inicial para o Fortaleza. O presidente Eulino Oliveira tomou uma decisão inusitada e muito questionada: convidou para dirigir tecnicamente o Vovô no segundo turno Moésio Gomes, o Paim, um dos mais importantes nomes da história leonina. A jogada de mestre surtiu efeito.

Moésio foi o grande articulador da vitória. Montou um esquema impecável, reeditando o seu consagrado quadrado de ouro, formado pelo trio do meio de campo e mais o atleta Tiquinho. A vitória consagradora surgiu no dia 28 de dezembro, diante de 47.340 pagantes.
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Foi Tiquinho quem, aos 45 minutos do segundo tempo, fez o gol solitário do jogo, que foi imortalizado pela narração de Gomes Farias. Sem dúvida, é o gol mais reproduzido em toda a história do futebol cearense e quiçá brasileiro. Naquele dia, Moésio mandou a campo Sérgio Gomes; Júlio, Artur, Darci e Dodô; Edmar, Erasmo e Amilton Melo; Jangada, Ivanir e Tiquinho.

SEGUNDO TETRA - O Ceará voltaria a repetir o mesmo feito 21 anos depois. No período de 1996 a 1999, um novo tetra é registrado na sua história. Desta feita, sem o dramatismo do anterior. Basta lembrar que, na final acontecida no dia 21 de julho de 1999, o adversário foi o novato e já extinto Juazeiro Empreendimentos. O placar de 0x0 garantiu a conquista.
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ZEZINHO - Em 2004, ao impedir o tricampeonato do Fortaleza dentro de campo, o Alvinegro voltou a dar alegria a sua galera. Certos do título, os dirigentes do Leão chegaram a convocar a torcida para uma carreata no dia seguinte. Eis que, na partida final do returno, realizada no último dia 17 de abril, aos 44 minutos do segundo tempo, o atacante Zezinho faz um gol de placa no Castelão, e o time idealizado por Pedro Freire e Luís Esteves ganha o returno. Na seqüência, numa manobra considerada a mais imoral do futebol cearense, o Fortaleza, que se negou a disputar as finais marcadas pela Federação, conseguiu no tapetão o título daquela ano. O documento no qual o Fortaleza se negara a ir para as disputas foi roubado de dentro da FCF e até hoje o assunto não foi esclarecido.

Em 2006, não houve tapetão que desse jeito. O rival se preparava para conquistar o seu primeiro tetracampeonato _ contando com o vergonhoso título do tapetão, no ano anterior-. Só que, nos jogos finais, foi atropelado pelo Alvinegro. Com duas vitórias por 1x0, o Vozão acabou com o sonho do adversário e mostrou que "tetra é luxo" e uma prerrogativa do time detentor da maior torcida do Estado.

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